A majestade dos mares, senhora
dos oceanos, sereia sagrada, Iemanjá é a rainha das águas salgadas, considerada
como mãe da maioria dos orixás, regente absoluta dos lares, protetora da
família. Chamada também de deusa das pérolas, é aquela que apara a cabeça dos
bebês no momento de nascimento.
Essa força da natureza também tem papel muito importante em nossas
vidas, pois é ela quem rege nossos lares, nossas casas. É ela que dá o sentido
da família às pessoas que vivem debaixo de um mesmo teto. Ela é a geradora do
sentimento de amor ao seu ente querido, que vai dar sentido e personalidade ao
grupo formado por pai, mãe e filhos tornando-os coesos. Rege as uniões, os
aniversários, as festas de casamento, todas as comemorações familiares. É o
sentido da união por laços consangüíneos ou não.
Numa Casa de Santo, Iemanjá atua dando sentido ao grupo, à
comunidade ali reunida e transformando essa convivência num ato familiar;
criando raízes e dependência; proporcionando sentimento de irmão para irmão em
pessoas que a bem pouco tempo não se conheciam; proporcionando também o
sentimento de pai para filho ou de mãe para filho e vice-versa, nos casos de
relacionamento dos Babalorixás (Pai de Santo) ou Ialorixás (Mãe de Santo) com
os Omorixás (Filhos de Santo).
A necessidade de saber se aquele que amamos estão bem, a dor pela
preocupação, é uma regência de Iemanjá, que não vai deixar morrer dentro de nós
o sentido de amor ao próximo, principalmente em se tratando de um filho, filha,
pai, mãe, outro parente ou amigo muito querido. É a preocupação e o desejo de
ver aquele que amamos a salvo, sem problemas, é a manutenção da harmonia do
lar.
É ela que proporcionará boa pesca nos mares, regendo os seres
aquáticos e provendo o alimento vindo do seu reino. É ela quem controla as
marés, é a praia em ressaca, é a onda do mar, é o maremoto. Protege a vida
marinha.
1.
Yemanjá é a mãe sagrada, a mulher
que dá origem à humanidade, a mãe do mundo. Yemanjá incorpora todos os valores da
mulher, mas torna-se sagrada ao assumir o papel de mãe, principalmente quando
admitimos que o conceito de mãe, definido pela cultura, é muito mais complexo
do que se supõe. Mãe não é simplesmente, a mulher que pare, a que cria os
filhos, que alimenta e dá carinho, mas é a mulher sacralizada, aquela que une
os filhos pelos laços da consangüinidade e que, ao mesmo tempo, os separa pelas
regras que a cultura, às vezes mais forte do que o sangue.
Yemanjá é a imagem do próprio
oceano, imenso e infinito a separar os continente, a separar a humanidade, mas
também o elo fundamental que uniu a África e o Novo Mundo na mesma fé, a fé nos
Orixás.
Yemanjá é a mãe do mundo, mundo
que ela mesma povoou e alimentou. Afigura da Grande Mãe está presente em todas
as culturas bem como os aspectos sagrados que a caracterizam, dos seios de
Yemanjá jorraram todos os rios do mundo, o sustento da humanidade. Ela é a mãe
de todas as cabeças, a mestra, que nos oferece equilíbrio e discernimento,
Yemanjá faz com que cada cabeça, isto é, cada ser humano seja único, diferente,
mas por outro lado, nos iguala na intensidade de seu amor, pois não pode
mensurar o amor de uma mãe, apenas senti-lo, forte, intenso, imenso. Apesar de
no Brasil Iemanjá ser cultuada nas águas salgadas, sua origem é um rio que
corre para o mar. Inclusive, todas as sua saudações oriquis e cantigas remetem
a essa origem. A saudação Odò-Iyá, por exemplo, significa, mãe do rio, á a
saudação Eérú-Iyá faz alusão às espumas formadas no encontro das águas do rio
com as águas do mar, sendo esse um dos locais de culto a Iemanjá.
Yemanjá a Deusa mais festejada, a
mais amada, reverenciar Yemanjá é ter a certeza de possuir uma mãe protetora
sempre atenta aos passos de seus filhos.
IYABAS
Ìyáàgba - Ìyãgba - mãe adulta,
matrona, matriarca
Ìyà - mãe
Àgba - adulto, pessoa mais velha,
maturidade.
Iabás, são todos os orixás
femininos ligados à água, numa clara referência à concepção, à gestação, à
vida!
Na mitologia dos orixás, que
guarda o saber ancestral dos povos de origem iorubá trazido pelas religiões
africanas, a mulher está representada pelas iabás, os orixás femininos. Sua
gênese e histórias estão contadas nos mitos que os escravos vindos da África para
cá, transmitiram oralmente.
O saber das Iabás cria outras
formas de organização da vida e do mundo.
As Iabás representam a
feminilidade e, por conhecer a memória dos corpos, transmitem suas histórias,
afetos e conflitos.
Elas guardam em seu ventre um poder
que ninguém, senão elas mesmas, possuem. O segredo de todas as mulheres:
o poder de gerar e dar vida a
outros seres. Exercem também o poder da criação, conquista, multiplicação, luta
e transformação.
O elemento água é comum a todas
as iabás. O estado no qual ela se apresenta na natureza caracteriza o
temperamento de cada uma delas. A
água fertiliza a terra, a faz produtiva, penetra nas plantas e corre nas suas
veias como sangue. A água proporciona que as plantas dêem seus frutos que
alimentam o homem. Transforma a terra seca em terra criativa e criadeira. Não
apenas lhe dá vida, mas preserva-a, uma vez que o homem foi gestado na água do
ventre da mãe. O sangue que corre em suas veias é composto de grande quantidade
de água.
Assim como a água, o amor em suas
diferentes manifestações, alimenta a alma, dá-lhe vida, preserva-a e
transformaa. Como um elemento fluido, é condutor poderoso da alma humana para
muitas direções, bem como está presente em todos os momentos da vida como
elemento de vital importância.
O estudo da mitologia das iabás
pode trazer uma reflexão sobre como viver e experimentar os sentimentos nos
diferentes momentos da vida que, tal qual a água, apresentam vários estados. É
possível à mulher viver e cultuar suas deusas interiores, as iabás, da quais
descendem e da quais herdam a feminilidade em suas variadas nuanças e cores,
sabendo que seu eu é sagrado e deve ser vivido e cultuado na sua
totalidade.
Nas iabás um pouco de todas as
mulheres e muito das várias mulheres que habitam uma mulher!
Omi Odò Iyá! Mãe da água que
corre!
Omi Odò Ìyá! Sirìre! Mãe da água
que corre! Abra-me seu caminho!
Ora Yèyé ô! Vossa benevolência
mãezinha!
Eparrei Lo Oya! Tua á vida, Oyá!
Epayèyô, Iansã! Mãe da vida,
Iansã!
Exó! Obá Sire! Gentileza! Obá,
prepare o caminho!
Riró! Encontro a doçura!
Salubá! Encontrei-te, velha
rabujenta!
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