quinta-feira, 23 de agosto de 2012


AS SETE LÁGRIMNAS DE UM PRETO VELHO


Num cantinho de um terreiro,
sentado ao seu banquinho,
um triste preto velho chorava...
De seus olhos molhados,
esquisitas lágrimas desciam pela face,
e não sei por que, contei-as:
eram sete.

Na incontida vontade de saber,
aproximei-me e o interroguei:
Fala meu preto velho,
porque externas assim tão terrível dor?
E ele suavemente, me contou:
Estás vendo estas pessoas que entram e saem?
As lágrimas contadas são para cada uma delas.


A 1ª filho, eu dei a estes indiferentes,
que aqui vem em busca de distração,
e saem por aí, ironizando aquilo que
suas mentes ofuscadas não conseguem conceber...

A 2ª filho, a estes eternos duvidosos,
que acreditam desacreditando,
na expectativa mentirosa de um milagre,
que os faça alcançar seus próprios merecimentos,
e me negam.

A 3ª filho, distribui aos maus,
àqueles que somente usam a Umbanda em busca de vingança, desejando sempre prejudicar o seu semelhante...

A 4ª aos frios e calculistas que sabem
que existe uma força espiritual e procuram
beneficiar-se dela, de qualquer forma,
e se esquecem da palavra gratidão.

A 5ª filho, chega suave, tem o riso,
o elogio da flor dos lábios,
mas se olharem fundo nos olhos,
verão escrito: creio na Umbanda,
nos teus caboclos e no teu Zambi,
mas somente se me curarem disto ou daquilo...

A 6ª eu dei aos fúteis,
que vão de centro em centro não acreditando em nada,
buscam aconchego e conchavos,
e seus olhos revelam um interesse diferente.

A 7ª filho, notas como foi grande e como deslizou pesada?
Foi á última lágrima,
aquela que vive nos olhos de todos os orixás...
Fiz doação desta para os médiuns vaidosos,
que só aparecem no centro em dia de festa,
e faltam às doutrinas...
Esquecem que existem tantas pessoas
precisando de carinho e atenção
e tantas criancinhas precisando de
amparo material e espiritual.

Assim, filho, foi para estes todos que vistes cair uma a uma,
as sete lágrimas de um preto velho.

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