Numa praia
deserta caminhava um filho de fé…
Atormentado
por suas mágoas e provações, buscava por um alento um consolo.
Buscava
forças e um sinal de esperança, para poder continuar lutando… Olhava fixamente
para as águas do mar, as ondas se quebrando, vindo do horizonte aos seus pés se
esparramar… Uma lágrima entristecida cobriu-lhe a face, seu coração apunhalado
pelas intrigas e maldades dos seus irmãos, já se tornava insuportável…
“Então”…
Quando
percebeu, já estava distante, foi quando notou que já estava entardecendo…
O vento
soprou em seu rosto e veio a sua intuição.
A Senhora
dos Ventos, Mãe Iansã, e a saudou com alegria e sentiu suas magoas serem
levadas pelo vento, a paz começou a renascer…
Olhou para o
poente e viu no céu as nuvens avermelhadas, então com grande força saudou o
Senhor das Demandas, seu Pai Ogum, e aos poucos o peso que lhe afligia se
quebrava, e continuou caminhando…
Observou na
beira das águas doce que desembocavam no mar, peixinho dourado a cintilar, foi
então que seu coração se encheu de doçura e saudou Mamãe Oxum, que o abençoava
com seu sagrado e divino manto…
Aos poucos,
leves gotas de chuva tocaram a sua pele e a paz de espírito e o amparo que
sentiu ao pisar na lama da areia misturada com água da chuva, que o fez
lembrar-se de Nanã Buruque, com sua lama sagrada, aliviou por completo suas
dores causadas pelos tormentos materiais e espirituais, e a saudou com grande
festividade…
Perdido em
seus pensamentos o filho de fé, caminhava fascinado, quando de repente a brisa
tocou seus cabelos e junto com elas trouxe folhas da mata distantes. Sem
hesitar saudou Pai Odé, e pediu em sua mente que aquelas folhas lhe
purificassem e o livrassem de todos os sentimentos impuros.
Sua
concentração foi interrompida ao ver um raio iluminar o céu, e ouviu um alto
estrondo de raio e trovão a explodir nas pedreias… Logo lhe encheu o peito de
coragem. “Kaô Kabecilê”, e sentiu a mão forte do seu pai Xangô, então
confiante, não mais sofria pelas injustiças, pois seu pai lhe protegia…
Então admirado,
sentou-se à beira mar, olhou para o céu e viu uma constelação, e lembrou-se das
almas benditas e dos adoráveis pretos velhos e, sem se esquecer do bondoso Pai
Obaluaê, que aos poucos com seu fluido curava as chagas do seu corpo e
espírito…
Fixou o olhar
no céu, e nas nuvens brancas a rodear as estrelas e uma delas brilhava e
cintilava, como se fosse o centro do
Universo, então humildemente, nosso irmão de fé agradeceu a Pai Oxalá por ter
lhe dado o Dom da Mediunidade. E poder levar alento e paz aos irmãos
necessitados…
Então um
perfume exalava de dentro do mar, eram rosas perfumadas que chegavam até ao
seus pés, e foi ai que avistou Mãe Iemanjá, seu coração não se continha de
tanta alegria, sua mãe o amparava e o confortava, e veio a sua mente…
“A
elevação do filho de fé… Não está na força ou sabedoria, mas sim em seu
coração. Porque ele pode saber pouco ou não ter força alguma. Mas sente a
essência e o fundamento da verdadeira Umbanda… Paz, Amor e Caridade!!!”
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