terça-feira, 30 de outubro de 2012

NAÇÃO JEJE-NAGÔ


O Jeje-Nagô no Rio Grande do Sul, pode ser comparado ao Jeje-Mahin do Maranhão, tanto pelo culto aos Voduns e Orixás no mesmo Terreiro “Ilê” , onde não se veste os Voduns / Orixás como acontece no Candomblé de Keto, a utilização dos aguidavis , a dança de jeje de par e tendo muita simplicidade nos templos e no ritual em si, assim como acontece no nosso batuque Jeje-Nagô. A mistura com a tradição Nagô/Yoruba não acontece apenas no Brasil, na Mãe África no antigo Daome região do povo Jeje (Fon/Ewe) alguns dos Voduns cultuados são de origem Nagô trazidos pelo povo Ewe que migrou da Região de Oyo, para o antigo Daome, trazendo consigo seus Deuses Orixás, que no antigo Daome acabaram sendo chamados pela nomenclatura Fongbe de Voduns. Portanto essa diversidade no culto vem desde a África e seria impossível desfazê-la, no Brasil quase não se tem noticias de terreiros que cultuem apenas Voduns e sendo alguns Voduns de origem Nagô, não podemos falar de pureza no Jeje do Brasil, pois não existe.

Bem no Rs o nome mais conceituado da Nação Jeje, sem duvida alguma é o Saudoso Pai João Correa de Lima (Joãozinho de Esú By) responsável pela expansão do Batuque no Uruguai e Argentina, que formou grandes nomes do batuque de ontem e de hoje e seu Asè permanece vivo e dando frutos e seu nome e fundamentos sempre mantidos em evidencia com muito orgulho, mais isso só acontece pela ótima formação que ele deu aos seus filhos. Não concordo com alguns escritores que afirmam que nunca se ouviu falar de Vodun no estado, certamente em suas pesquisas não foram em nenhum Ile de algum filho ou filha de santo de Pai João. Creio também que o erro foi nosso em utilizar a nomenclatura Orixá da tradição Nagô do dialeto Yoruba, para descrever alguns dos nossos Deuses Voduns, assim a palavra caiu no esquecimento , mas o certo que mesmo utilizando a nomenclatura Orixá, na sua essência são Voduns. E ainda me atrevo a dizer, que a base do batuque realizado hoje aqui no estado, é Jeje com tradição Nagô (Oyo e Ijesá), pois em muitos Iles que não se dizem de Jeje , executam cantos aos voduns Legba, Sapakta, Sogbo, Lissa entre outros e também fazem feituras a esses voduns, o próprio culto a Ogun que no RS sua feitura é em vulto de Cobra em ferro, lembra muito o Culto ao vodun Dan/Bessen , pois também é um vulto de uma cobra e não existindo na Região Nagô da África e no Candomblé a feitura de Ogun em vulto de Cobra, fica clara a existência da diversidade, O agê, o agogô também de tradição Jeje, estam presentes na maioria dos Iles de Batuque. Lembramos que é impossível se falar em pureza de nação no batuque. E essa diversidade é decorrente da própria diversidade religiosa e cultural do continente Africano.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012


EXU MANGUEIRA


      Exu Mangueira, identificado pelo nome cabalístico de Agalieraps.
Apresenta-se como um perfeito cavalheiro, gosta até mesmo de usar "fraque" de preferência com rabo comprido e luvas brancas.
Confundido muitas vezes pelo seu companheiro Exu Marabô por terem maneiras parecidas de se vestir e se portar. Sua única diferença é que o Exú Mangueira na incorporação exala um odor de enxofre.
Aprecia bebidas finas e principalmente vinhos finos e bons charutos. ..
Segundo conta, o 1° Exu Mangueira foi um rico criador de gado bovino que ascendeu ao poder se tornando primeiro ministro na França e era muito desposado com as mulheres da corte, pois como era muito educado e cortês tinha uma boa lábia conquistando muitos corações casados e deixando muitos maridos ciumentos irritados, tanto que foi morto por um destes.
Seu nome vem dos locais de criação de bois, mangueira é uma espécie de local onde se separa o gado para castrar, dar remédios, etc.
Seu trabalho é fiscalizar os planos físicos, dando ordens aos seus comandados, não recebe ordens de ninguém, somente de superiores.

(Exu Mangueira) - Segundo ministro de LÚCIFER, recebendo também, como seu companheiro Put Satanakia, ordens diretas Dele. Suas funções são muito semelhantes, em determinados casos idênticas, ocorrendo que as vezes um se faz passar pelo outro, pelo caso da incrível semelhança existente, não somente nos trabalhos, funções e missões, como também no que se diz respeito a vibração, manifestação, apenas perceberá com clareza a diferença aquele que terá certa experiência, ou aquele que se torna amado do espírito, e este se revela sem engano ao operador. Possui Mangueira, gigantesco poder de cura, procurando prestar este auxilio especialmente aos iniciado na Verdadeira Ciência Sagrada.
Sendo uma das poderosas forças da Lei do Retorno, possui uma vibração e irradiação extrema, e se quando necessário poderá ocasionar o desencarne de qualquer iniciado que por ventura tenha desejado o mal ou mesmo causado mal a quem quer que seja, utilizando das forças da magia. Também poderá trazer, iluminação e sabedoria pela mesma Lei do Retorno, aqueles que Mangueira se simpatiza, ele garante proteção contra roubos, assaltos, acidentes, e mesmo ataques provenientes de rituais, envultamentos, vodu, ou qualquer outro tipo de magia nociva, ou mesmo ainda ondas de energia mental negativa.
Em sua apresentação, manifesta-se como um homem normal, de olhos brilhantes, de olhar profundo, trazendo o significado de ver além das aparências, podendo com grande facilidade saber dos pensamentos.
       
       
      Possui um turbante, indicando seu conhecimento total da magia oriental, mais particularmente Hindu. Possui um manto com capuz, símbolo do conhecimento antigo, e que pode transmiti-lo para o Verdadeiro Iniciado.
Há em sua mão algumas folhas de Mangueira, árvore originária da Índia, representando o culto ao tempo e aos antepassados. Símbolo também de sua maestria em lidar com elementos naturais (folhas, talos, caules, flores, frutos, especialmente, e de maneira particularmente espetacular com a mangueira), para se trabalhar com grandes feitos de magia astral, ou mesmo com a magia natural. Por este particular enlace com esta árvore, apresenta Mangueira o conhecimento da botânica oculta, ou botânica mágica, advertindo e ensinando o Iniciado o poder das plantas e da necessidade de saber cultiva-las e protege-las de quaisquer agressões. Outra planta que esta intimamente ligada a vibração energética de Mangueira, é a alfazema, que simbolicamente representa a propagação dos perfumes utilizados nos ritos da Alta Magia, e da necessidade dos aromas dentro da Sagrada Ciência.
Apresenta-se como um homem culto, de fala calma e poética, aprecia um bom charuto, champanhe, vinhos, cerveja branca, contudo, sua bebida predileta é o absinto.

Meu irmão, lembre-se que o Exu Mangueira é representado por uma falange de espiritos (exus, é claro) comandados por ele e que assumem a denominação da falange.
Cada um componente da falange teve sua historia e sua individualidade, cada espirito que compoe uma falange possui sua historia particular, o Exu Mangueira que você incorpora com certeza não é o mesmo que trabalho. E assim é para Caboclos, Pretos velhos,  etc.
Somente em casos muito raros, se os orixas das pessoas forem os mesmos e o guia espiritual for o mesmo

MAIS UMA DO ZÉ


Uma outra versão sobre o Zé Pelintra é de que era filho de uma família de migrantes pernambucanos vindos do sertão daquele estado, fixando residência em Recife. Vivendo como boêmio, andando com prostitutas que faziam ponto nos portos da capital, Zé Pelintra, granjeou a simpatia de muita gente, entretanto, por sua fama de valentão, fez muitos inimigos.

Devoto de nossa senhora do Carmo, Zé também foi introduzido no Catimbó da Paraíba e de Pernambuco, Zé entregou-se de corpo e alma à prática do Catimbó, e dominou seus segredos. Uma das coisas que o Zé conseguia através do seu conhecimento mágico era transformar-se em bananeira sempre que era perseguido por policiais. Protegendo suas incontáveis amantes e enfrentando quem maltratava as prostitutas, Zé acabou sendo morto numa emboscada preparada por marinheiros.
O respeito que Zé granjeou junto aos catimbozeiros foi incontestável. Como Mestre afamado no Catimbó, após sua morte trágica, foi enterrado no bosque sagrado da Jurema passando, desde aquele momento, a ser cultuado pelos devotos.
A partir daquele evento, Zé Pelintra ficou ainda mais conhecido, já que suas façanhas continuaram a se multiplicar após a morte, tanto quanto foram propaladas em vida.

IEMANJA


Mãe da maioria dos Orixás é considerada a dona da maternidade, do casamento e família e Mamãe Universal, este Orixá reina nas águas do mar e tudo que está relacionado a ele, peixes, crustáceos, estrelas, algas, vegetais e outros, a Iemanjá pertence. Com certeza não existiria outro elemento da natureza para representar e ser o habitat deste Orixá, como o mar. O mar é lindo, fascinante e belo, porém na maioria das vezes severo e perigoso quando não respeitado ou usufruído da maneira correta, características diretamente relacionadas com a Grande Mãe.

Saudação: Omio dô!

Dia da Semana: Sexta-feira

Número: 08 10 e seus múltiplos

Cor: azul claro, azul forte ou incolor, verde agua dependendo da característica da Mãe

Guia: toda da mesma cor, o tom do azul ou se for incolor varia com a característica da Mãe

Oferenda: canjica branca arroz com leite, sagu com leite e cocada branca

Adjuntós: Iemanjá Bocí com Ogum Adiolá, com Xangô Agandjú, com Odé, com Ossanha e com Oxalá Dacum, Iemanjá Bomí com Oxalá Bocum ou Oxalá de Orumiláia.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012



Linha do Oriente


Ao contrário das outras linhas da Umbanda, formadas por espíritos ligados às raízes do povo brasileiro, a Linha do oriente reúne espíritos de todas as partes do mundo. Esses espíritos têem em comum um altíssimo grau de desenvolvimento e uma grande capacidade de trabalhar em todas as áreas de ocultismo e alta magia, bem como nas curas espirituais.
A Linda do oriente chefiada por São João batista (24 de julho) sincretizado com Xangô. Os espíritos que a compôe se dividem em sete legiões:
. Legião dos sábios hindús e judeus, chefiada por Zartu
. Legião dos espíritos médicos e cientistas,chefiados por José de Arimatéia.
. Legião dos árabes, marroquinos eciganos, chefiados por Jimbaruê
. Legião dos chineses, japoneses, mongóis e esquimós, chefiados por Ori do Oriente.
. Legião dos egípcios, incas e astecas, chefiados por Inhoarairi.
. Legião dos índios caraíbas, chefiadas por Itaraiaci.
. legião dos romanos, gauleses e outros povos europeus, chefiados por Marcus I.
Dentre a Linha do Oriente destaca-se o Povo Cigano que, nas últimas décadas do século XX, cresceu a ponto de tornar-se objeto de devoção e culto próprio. Suas formas de trabalho espiritual são um pouco diferentes das da Umbanda tradicional: o espírito Cigano frequentemente fica ao lado do fiel, inspirando-o, mas sem incorporar. O desenvolvimento do trabalho com espírito Cigano não exige uma iniciação formal dentro de uma estrutura religiosa, pois o próprio espírito guia o fiel em um trabalho individual; também não depende de culto coletivo, sendo muito comum a devoção pessoal. Por essas razões, é comum encontrarmos pessoas que trabalham com espíritos ciganos sem fazer parte de uma casa de Umbanda.
Os espíritos ciganos trabalham com oráculos, usualmente a cartomancia, e fazem magias de amor, prosperidade, harmonia e saúde. Eles usam todas as cores do arco-íris, mas não gostam da cor preta; apreciam jóias vistosas, fitas, lenços multicores e perfumes. Seus principais objetos e símbolos mágicos são punhais, cristais, flores, frutas, espigas de trigo, moedas e cartas de baralho. São festejados no dia de Santa Sara (24 de maio), padroeira de todos os ciganos do mundo.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012


AS SETE LÁGRIMAS DE UM PRETO VELHO

Num cantinho de um terreiro, sentado ao seu banquinho,
um triste preto velho chorava...
De seus olhos molhados, esquisitas lágrimas desciam pela face, e não sei por que, contei-as: Eram sete.
Na incontida vontade de saber, aproximei-me e o interroguei:
Fala meu preto velho, porque externas assim tão terrível dor?
E ele suavemente, me contou:
Estás vendo estas pessoas que entram e saem?
As lágrimas contadas são para cada uma delas.

A 1ª filho, eu dei a estes indiferentes, que aqui vem em busca de distração, e saem por aí, ironizando aquilo que suas mentes ofuscadas não conseguem conceber...

A 2ª filho, a estes eternos duvidosos, que acreditam desacreditando, na expectativa mentirosa de um milagre, que os faça alcançar seus próprios merecimentos, e me negam.

A 3ª filho, distribui aos maus, àqueles que somente usam a Umbanda em busca de vingança, desejando sempre prejudicar o seu semelhante...

A 4ª aos frios e calculistas que sabem que existe uma força espiritual e procuram beneficiar-se dela, de qualquer forma, e se esquecem da palavra gratidão.

A 5ª filho, chega suave, tem o riso, o elogio da flor dos lábios, mas se olharem fundo nos olhos, verão escrito: creio na Umbanda, nos teus caboclos e no teu Zambi, mas somente se me curarem disto ou daquilo...

A 6ª eu dei aos fúteis, que vão de centro em centro não acreditando em nada, buscam aconchego e conchavos, e seus olhos revelam um interesse diferente.

A 7ª filho, notas como foi grande e como deslizou pesada?
Foi á última lágrima, aquela que vive nos olhos de todos os orixás...
Fiz doação desta para os médiuns vaidosos, que só aparecem no centro em dia de festa, e faltam às doutrinas... Esquecem que existem tantas pessoas precisando de carinho e atenção e tantas




 criancinhas precisando de amparo material e espiritual.
Assim, filho, foi para estes todos que vistes cair uma a uma, as sete lágrimas de um preto velho.

DAMA DA NOITE
A Pomba-Gira Dama da Noite, é uma entidade que trabalha dentro das forças das encruzilhadas, podendo estas ser as encruzilhadas de "T" sob comando de, ou nas encruzilhadas de "T", existentes dentro dos cemitérios. Obedece para as Yabás ( Orixás femininos) Nana, Iemanja, Oxum, Oyá. Sua atuação é de ajudar mulheres que não conseguem arrumar um bom partido,auxilia garotas muito tímidas, acanhadas a se soltarem um pouco mais; esta entidade dá a mocinhas que acabaram se engravidando jovem demais , a fazer com que os pais assumissem a responsabilidade, e mais que aquele amor adormecido pela atitude precipitada reaparecesse;. Apresenta-se muito delicada, meiga, doce, parecendo às vezes tímida, contudo, possui uma força incrível. Gosta de rosas vermelhas , champanhes , cigarrilhas ou cigarros longos , sempre recebe suas oferendas em encruzilhadas em forma de T. Laroiê , Kobá Lebara !

 

ELA

Ela mora no escuro da noite
E seu nome é pronunciado pelo vento
Suas mãos bailam majestosas como açoite
Dos seus olhos ninguém sabe o intento

Ela chega com as ondas na praia
E se vai com o fogo que o ferro crepita
Homem bom, não olha para sua saia
Mulher de fé, não se meta na sua gira

O seu vulto é vermelho
E sua sombra é negra como a morte
Assim que chega seu perfume logo invade
Cuidado, moço, não abuse da sorte!

Ela é uma bruxa que mora no principio do tempo
Ela é uma velha que mora na eternidade
Seu canto é vindo de dentro
Seu guia é o amor, e não a maldade

Ela ve a morte, ela ve a vida
Ela sabe os caminhos de quem encontra
Ela sempre ajuda quem a clama
Se alguem souber que me diga
Qual é o nome dessa dama

terça-feira, 23 de outubro de 2012


MENSAGEM DE LUZ

O sol ardente reinava sobre a caravana de ciganos
que aproximava-se de Florença.
Num canto da carroça Dalila experimentava seus
lenços e sua mãe a olhava com encanto.
__Sabes minha filha... alegra-me vê-la feliz
com teus lenços, tuas vestes e teu povo...
porém me entristece pensar no preconceito
que enfrentará, nas ofensas que ouvirá,
e nos maus homens que vão se aproximar de ti,
para valer-te dos teus mais belos dotes.
Dói ver tua inocência roubada...
e imaginar as lagrimas que ainda vai derrubar...
A jovem olhou a mãe com amor e disse:
__Mãe... o que me fará grande...
não serão as vestes que uso...
o que me fará mulher não serão
os homens que passarão por meu caminho...
o que fará poderosa não será o
ouro que ainda vou possuir...
o que me fará isso tudo...
o que me fará CIGANA é a força,
as lágrimas, o sofrimento... que vou carregar...
mas acima de tudo a esperança que
tenho de que um dia não seremos vistos
como um amontoado de ladrões,
mas como uma caravana de luz...
e neste dia então...estendo a mão para
os que me atiraram pedra... e os ensino
a caminhar pelo mundo da espiritualidade.

E ela estava certa...
os ciganos hoje formam mais
uma linha de luz que vem nos
ajudar a vencer nesta
caminhada pela evolução.


EXU REI


EXU REI DAS 7 ENCRUZILHADAS


Foi um homem culto e justo,adora tudo do bom e do melhor licores,vinhos finos,charutos finos.Sempre soberano dava muitos banquetes em seu reino e sempre abusando de muita fartura.Por abusar de muitas bebidas e do próprio fumo acabou adquirindo um cancer no Estômago causando sua morte.Por isso muitos de seus médiuns tem como sensação quando vão trabalhar com esta entidade uma forte dor abdominal e algumas vezes ancias de vomito. 

Filho do Vento

Caminho pelo tempo, sou filho do vento,
A Estrada é minha morada,
Pelas estrelas eu me guio,
A relva é minha cama,
E sob a luz da lua eu descanso ao relento.

Nesta minha jornada, muitos amigos venho fazendo,
Pois falo de vida, de amor e de sentimento,
Para aqueles que de mim não gostem,
Peço a Pai Maior que lhes de um alento,
Pois nesta vida nada lhes trará de bom,
A quem nutre tal sentimento.

Sou Cigano sim,
E com muito orgulho ostento,
A bandeira de meu povo,
Que por mais sofridos, por preconceitos somos,
Trazemos aos que se aproximam,
A alegria, o amor, o carisma e o orgulho
em sermos Filhos do Vento.

E aonde tiver um cigano a caminhar,
Com certeza a alegria e o amor, juntos vão estar.


Exú Sete da Lira

Sou Exú, trabalho no canto, quando canto desmancho quebranto

Sete cordas tem minha viola, vou na Gira de lenço e cartola


Viola é tridente, cigarro é charuto, bebida é marafo
Sou Sete da Lira, derrubo o inimigo, ponteiro de aço


segunda-feira, 22 de outubro de 2012




A majestade dos mares, senhora dos oceanos, sereia sagrada, Iemanjá é a rainha das águas salgadas, considerada como mãe da maioria dos orixás, regente absoluta dos lares, protetora da família. Chamada também de deusa das pérolas, é aquela que apara a cabeça dos bebês no momento de nascimento.
 Essa força da natureza também tem papel muito importante em nossas vidas, pois é ela quem rege nossos lares, nossas casas. É ela que dá o sentido da família às pessoas que vivem debaixo de um mesmo teto. Ela é a geradora do sentimento de amor ao seu ente querido, que vai dar sentido e personalidade ao grupo formado por pai, mãe e filhos tornando-os coesos. Rege as uniões, os aniversários, as festas de casamento, todas as comemorações familiares. É o sentido da união por laços consangüíneos ou não.
 Numa Casa de Santo, Iemanjá atua dando sentido ao grupo, à comunidade ali reunida e transformando essa convivência num ato familiar; criando raízes e dependência; proporcionando sentimento de irmão para irmão em pessoas que a bem pouco tempo não se conheciam; proporcionando também o sentimento de pai para filho ou de mãe para filho e vice-versa, nos casos de relacionamento dos Babalorixás (Pai de Santo) ou Ialorixás (Mãe de Santo) com os Omorixás (Filhos de Santo).
 A necessidade de saber se aquele que amamos estão bem, a dor pela preocupação, é uma regência de Iemanjá, que não vai deixar morrer dentro de nós o sentido de amor ao próximo, principalmente em se tratando de um filho, filha, pai, mãe, outro parente ou amigo muito querido. É a preocupação e o desejo de ver aquele que amamos a salvo, sem problemas, é a manutenção da harmonia do lar.
 É ela que proporcionará boa pesca nos mares, regendo os seres aquáticos e provendo o alimento vindo do seu reino. É ela quem controla as marés, é a praia em ressaca, é a onda do mar, é o maremoto. Protege a vida marinha.
1.                   



Yemanjá é a mãe sagrada, a mulher que dá origem à humanidade, a mãe do mundo. Yemanjá incorpora todos os valores da mulher, mas torna-se sagrada ao assumir o papel de mãe, principalmente quando admitimos que o conceito de mãe, definido pela cultura, é muito mais complexo do que se supõe. Mãe não é simplesmente, a mulher que pare, a que cria os filhos, que alimenta e dá carinho, mas é a mulher sacralizada, aquela que une os filhos pelos laços da consangüinidade e que, ao mesmo tempo, os separa pelas regras que a cultura, às vezes mais forte do que o sangue. 
Yemanjá é a imagem do próprio oceano, imenso e infinito a separar os continente, a separar a humanidade, mas também o elo fundamental que uniu a África e o Novo Mundo na mesma fé, a fé nos Orixás. 
Yemanjá é a mãe do mundo, mundo que ela mesma povoou e alimentou. Afigura da Grande Mãe está presente em todas as culturas bem como os aspectos sagrados que a caracterizam, dos seios de Yemanjá jorraram todos os rios do mundo, o sustento da humanidade. Ela é a mãe de todas as cabeças, a mestra, que nos oferece equilíbrio e discernimento, Yemanjá faz com que cada cabeça, isto é, cada ser humano seja único, diferente, mas por outro lado, nos iguala na intensidade de seu amor, pois não pode mensurar o amor de uma mãe, apenas senti-lo, forte, intenso, imenso. Apesar de no Brasil Iemanjá ser cultuada nas águas salgadas, sua origem é um rio que corre para o mar. Inclusive, todas as sua saudações oriquis e cantigas remetem a essa origem. A saudação Odò-Iyá, por exemplo, significa, mãe do rio, á a saudação Eérú-Iyá faz alusão às espumas formadas no encontro das águas do rio com as águas do mar, sendo esse um dos locais de culto a Iemanjá. 
Yemanjá a Deusa mais festejada, a mais amada, reverenciar Yemanjá é ter a certeza de possuir uma mãe protetora sempre atenta aos passos de seus filhos.

IYABAS


Ìyáàgba - Ìyãgba - mãe adulta, matrona, matriarca 
Ìyà - mãe
Àgba - adulto, pessoa mais velha, maturidade. 
Iabás, são todos os orixás femininos ligados à água, numa clara referência à concepção, à gestação, à vida!
Na mitologia dos orixás, que guarda o saber ancestral dos povos de origem iorubá trazido pelas religiões africanas, a mulher está representada pelas iabás, os orixás femininos. Sua gênese e histórias estão contadas nos mitos que os escravos vindos da África para cá, transmitiram oralmente. 
O saber das Iabás cria outras formas de organização da vida e do mundo. 
As Iabás representam a feminilidade e, por conhecer a memória dos corpos, transmitem suas histórias, afetos e conflitos.
Elas guardam em seu ventre um poder que ninguém, senão elas mesmas, possuem. O segredo de todas as mulheres:
o poder de gerar e dar vida a outros seres. Exercem também o poder da criação, conquista, multiplicação, luta e transformação.
O elemento água é comum a todas as iabás. O estado no qual ela se apresenta na natureza caracteriza o
temperamento de cada uma delas. A água fertiliza a terra, a faz produtiva, penetra nas plantas e corre nas suas veias como sangue. A água proporciona que as plantas dêem seus frutos que alimentam o homem. Transforma a terra seca em terra criativa e criadeira. Não apenas lhe dá vida, mas preserva-a, uma vez que o homem foi gestado na água do ventre da mãe. O sangue que corre em suas veias é composto de grande quantidade de água.
Assim como a água, o amor em suas diferentes manifestações, alimenta a alma, dá-lhe vida, preserva-a e transformaa. Como um elemento fluido, é condutor poderoso da alma humana para muitas direções, bem como está presente em todos os momentos da vida como elemento de vital importância. 
O estudo da mitologia das iabás pode trazer uma reflexão sobre como viver e experimentar os sentimentos nos diferentes momentos da vida que, tal qual a água, apresentam vários estados. É possível à mulher viver e cultuar suas deusas interiores, as iabás, da quais descendem e da quais herdam a feminilidade em suas variadas nuanças e cores, sabendo que seu eu é sagrado e deve ser vivido e cultuado na sua totalidade. 
Nas iabás um pouco de todas as mulheres e muito das várias mulheres que habitam uma mulher! 

Omi Odò Iyá! Mãe da água que corre!
Omi Odò Ìyá! Sirìre! Mãe da água que corre! Abra-me seu caminho!
Ora Yèyé ô! Vossa benevolência mãezinha!
Eparrei Lo Oya! Tua á vida, Oyá!
Epayèyô, Iansã! Mãe da vida, Iansã!
Exó! Obá Sire! Gentileza! Obá, prepare o caminho!
Riró! Encontro a doçura!
Salubá! Encontrei-te, velha rabujenta! 
http://observatorio-da-cidade.webnode.com//
http://cronicaviva.webnode.com/
http://cronikinha.webnode.com/

Minha Mãe 


Ela une todas as coisas como eu poderia explicar, 
um doce mistério de rio, com a transparência de um mar.... 
Ela une todas as coisas, quantos elementos vão lá ... 
sentimento fundo de água, com toda leveza do ar 
Ela está em todas as coisas, até no vazio que me dá, 
quando vejo a tarde cair e ela não está...
Talvez ela saiba de cor  tudo que eu preciso sentir 
Pedra preciosa de olhar ! 
Ela só precisa existir para me completar
Ela une o mar com o meu olhar 
Ela só precisa existir pra me completar 
Ela une as quatro estações, une dois caminhos num só 
Sempre que eu me vejo perdido une amigos ao meu redor 
Ela está em todas as coisas até no vazio que me dá 
quando vejo a tarde cair e ela não está 
Talvez ela saiba de cor tudo que eu preciso sentir 
Pedra preciosa de olhar ! 
Ela só precisa existir para me completar 
Ela une o mar com o meu olhar 
Ela só precisa existir pra me completar 
Une o meu viver com o seu viver 
Ela só precisa existir para me completar.

Omyo Odoya Iamabi

Áries (21 de março a 20 de abril)
Você é metido a honesto, sincero e se acha um líder natural. O problema é que você faz tudo ao contrário e não consegue influenciar ninguém. Você gosta de chegar a um determinado lugar e “botar pra quebrar”. Isso faz de você um ignorante completo. Na verdade, você arruma confusão em todo lugar que passa, simplesmente porque você quer fazer as coisas do seu jeito, nem que seja na base da porrada. O que você quer mesmo é poder. Você quer chegar ao poder nem que tenha que f… todos em sua volta. A sorte dos outros signos do zodíaco é que você nunca consegue chegar ao poder. Falta inteligência.
Touro (21 de abril a 20 de maio)
Você é materialista e trabalha como um condenado. As pessoas pensam que você é um pão-duro, cabeça-dura, mão-de-vaca, estão certas. Além disso, você é um teimoso desgraçado que faz só burrada na vida e continua fazendo, fazendo, fazendo…Você deve estar se perguntando… Por que eu trabalho tanto e só me ferro? A resposta é simples: sua cabeça-dura não deixa você enxergar um palmo além do seu nariz. Por isso que você trabalha como um condenado e nunca consegue subir na vida. Só leva fumo! E graças a sua teimosia idiota, continua levando, levando, levando…
Gêmeos (21 de maio a 20 de junho)
Você é um falso, “duas caras”, fofoqueiro, mentiroso e um grande cara-de-pau. Você não é confiável. É sinistro! No trabalho, faz amizade com todos como se fosse o melhor amigo e depois entrega todo mundo pro chefe. Você é tão safado que ninguém desconfia de você. Você adora ferrar os outros e depois ficar rindo da cara deles. É um galinha! Não tem nenhum conceito de moral e tem caráter duvidoso. Além disso, todos consideram você um canalha mal-resolvido. Geminianos costumam ter muito sucesso para chifrar, e também, no incesto, na prostituição e na cafetinagem.
Câncer (21 de junho a 21 de julho)
Você é um chorão desgraçado, e as pessoas que convivem com você são obrigadas a ficar agüentando você reclamar da sua vida. Você se acha solidário e compreensivo com os problemas dos outros, o que faz de você um baba-ovo e puxa-saco. O que você quer mesmo é ficar “bem na fita”. Você só quer saber de se dar bem, custe o que custar, e acaba sempre ficando numa boa, apesar de não valer nada. É, na verdade, um canalha com cara de santo. Quando pressionado você faz chantagem emocional. Chora e faz da sua vida a pior de todas. Por isso, os outros signos do zodíaco nunca desconfiam de você. E o pior é que todos gostam de você.
Leão (22 de julho a 22 de agosto)
Você se acha o máximo, um líder natural. Isso é que você acha! Sabia que todos acham você um idiota? A sua prepotência é insuportável para os outros signos e até para você mesmo. Você não passa de um puxa-saco incompetente querendo se promover a todo custo. Quer ter “status”, ser o “rei da cocada preta”, mesmo sabendo que não tem condição alguma de ser. Você quer sempre a atenção de todos mas, como não tem inteligência, nem sempre consegue. Daí a sua agressividade. Gosta de botar todo mundo pra trabalhar pra você, enquanto você fica reclamando da vida sem fazer nada.
Virgem (23 de agosto a 22 de setembro)
Você é metido a perfeccionista, observador e detalhista. Gosta de analisar e gerenciar tudo. Essa sua maldita mania faz de você um burocrata insuportável. Você é um bitolado e não tem nenhuma imaginação ou criatividade. Gosta mesmo é de tomar conta da vida dos outros. Critica os outros, “mete o pau”, mas não enxerga o próprio rabo. Quando as pessoas dos outros signos do zodíaco preenchem aquele maldito formulário de 15 vias carbonadas, de cinco cores diferentes, que devem ser batidos à máquina, elas não tem dúvida. Só pode ser um virginiano que fez.
Libra (23 de setembro a 22 de outubro)
Você se acha equilibrado, idealista e justo. Parece sentir a necessidade de proteger os outros e lutar contra as injustiças. Na verdade, você só pensa em si mesmo. Você é um engomadinho metido. Gosta de coisas sofisticadas e de alto nível, mas não passa de um ignorante desinformado. Nas conversas, quer falar sobre coisas intelectuais, como literatura e arte, e dificilmente entra em assuntos polêmicos. Quer ser politicamente correto. Na realidade você é um grande “fazedor de média”. Isso esconde sua verdadeira cara. Dessa forma, os outros signos nunca saberão seu real interesse, que é f… os outros. Afinal, você é um teimoso, ignorante e ambicioso.
Escorpião (23 de outubro a 21 de novembro)
Você é o pior de todos. Você é desconfiado, vingativo, obsessivo, rancoroso, vagabundo, frio, cruel, antiético, sem caráter, traidor, orgulhoso, pessimista, racista, egoísta, materialista, falso, malicioso, mentiroso, invejoso, cínico, ignorante, fofoqueiro e traiçoeiro. Você é um canalha completo. Só ama sua mãe e a si mesmo. Aliás, alguns de vocês não amam nem a mãe. Você é imprestável e deveria ter vergonha de ter nascido. Escorpianos são tiranos por natureza. São ótimos nazistas ou fascistas. Adora pisar os outros e tem um orgasmo quando vê alguém no buraco. Pelo bem dos outros signos do zodíaco, os escorpianos deveriam ser todos exterminados.
Sagitário (22 de novembro a 21 de dezembro)
Você é um otimista e tem uma forte tendência em confiar na sorte. Isso é bom para você, já que é imprudente, irresponsável, limitado e não possui nenhum talento. Como não tem competência, sempre arruma uma forma de se desculpar de suas burradas na vida. E sempre põe a culpa nos outros. Mas na verdade você que é incompetente mesmo. Você é um teimoso, ambicioso e metidinho. Na verdade, você é um idiota fracassado. Além do mais, seu conceito de ética e moral é limitado. Você é um puxa-saco, galinha e gosta mesmo é de sacanagem. Quando consegue alguma coisa na vida é sempre de forma obscura.
Capricórnio (22 de dezembro e 20 de janeiro)
Você é metido a sério, conservador e politicamente correto. Na verdade você é um materialista, falso, ambicioso e safado. Você tem uma tendência de ser enrustido em tudo. Você é frio, não tem emoções e freqüentemente dorme enquanto está transando. Você gosta de manter as aparências e quando encontra um “amigo”, abraça, deseja tudo de bom… Mas na primeira oportunidade puxa o tapete dele e depois vai dormir de consciência tranquila. Você nunca joga limpo e sua frieza faz de você um sanguinário completo. Mas que importa? Se a grana está entrando… ótimo!
Aquário (21 de janeiro a 19 de fevereiro)
Você provavelmente não é desse planeta. Tem uma mente inventiva e dirigida para o progresso. Você mente e comete os mesmos erros repetidamente porque é imbecil e teimoso. Você adora ser o “do contra”. Pensa que tem opinião formada sobre tudo. Na verdade, você é egoísta e gosta mesmo é de aparecer. Mesmo que esteja entre um milhão de pessoas, você quer ser o diferente. Você nunca segue os padrões. Isso faz de você um metido nojento. Você se acha o moderninho. Acha que está à frente dos outros signos do zodíaco. Você não tem nenhuma moral. Se você for homem deve ser um galinha e, se for mulher, aposto que nem perguntou o nome do último cara com quem dormiu!
Peixes (20 de fevereiro a 20 de março)
Você pensa que todo mundo é cabeça de bagre e só você é o esperto. O que você não sabe é que, na verdade, você é o grande cabeça de bagre. Você se acha o sujeito mais inteligente do mundo e tem a maldita mania de achar que os outros precisam de sua ajuda. Você se acha superior e considera os outros idiotas. Adora reprimir tudo e todos. É impaciente, mal-educado e fica dando conselhos fúteis aos outros e sempre consegue afundar as pessoas que seguem seus conselhos idiotas. Você não passa de um desorganizado, não tem praticidade alguma e não sabe nem em que planeta vive. Quando alguém te questiona, você recorre ao misticismo, uma vez que sua inteligência é limitada

Quando o amor se instala nos sentimentos, as pessoas podem encontrar-se separadas, ele, porem permanece impertubável.
A distancia física perde o sentido geográfico e o espaço desaparece, porque ele tem o poder de
preenchê-lo e colocar os que se amam sempre próximos, pelas lembranças de tudo o quanto significa a ciência e a arte de amar.
O Amor não tem passado, não se inquieta pelo futuro.                         É sempre hoje e agora.


Joanna de Ângelis (“Amor Imbatível Amor”)

ALMA CIGANA


Alma cigana é a minha!
Atrevida
Sonhadora
Mas redimida
De outras vidas
Sofridas sem amor!
Hoje...Renascendo
Mais transparente
Só quero um lirio
Do campo colher...
Juntar à esta flor
Todo o meu amor...
E eu junto com ela
Ser um ramo atraente
Para te oferecer...
Tranquilamente...
Pois ao te encontrar...
Aprendi o que é amar!
Minha alma então
Renasceu
Pois te conheceu!
E em melodia
Formamos um hino de alegria
Não deixando quebrar os laços
Na canção...
Que deixo cantar no coração
Me fazendo perder a razão!
Desperto então
Minha alma cigana...E
Vou espalhando amor
Seguindo teus passos por
Onde você for!



"O Céu é meu teto; a Terra é minha pátria e a Liberdade é minha religião".

A FORMAÇÃO DO CANDOMBLÉ E A NAÇÃO JEJE

No início da década de 1990, o então jovem estudante catalão Luis Nicolau Parés fazia suas primeiras incursões ao Recôncavo baiano, quero dizer, à cidade de Cachoeira. Na época, era doutorando da School of Oriental and African Studies (SOAS), da Universidade de Londres, e fazia suasprimeiras sondagens de campo no Zôogodô Bogum Malê Seja Hundê, para compor sua tese de doutorado em Antropologia da Religião sobre o Tambor de Mina do Maranhão. Tive a satisfação de conhecê-lo, então, e, a
partir daí, mantivemos alguns contatos através de correspondências. Anos depois, em 1998, ele retornou ao Brasil, fixando-se definitivamente em Salvador. Por quase uma década, testemunhei Parés em constante contato com o povo-de-santo, presenciando cerimônias privativas em terreiros de Candomblé e debruçado em empoeirados documentos históricos em Cachoeira. Compartilhando de sua amizade, trocamos importantes informações, assim como documentos que nos interessavam mutuamente e caminhamos pelas zonas rurais de Cachoeira, reconhecendo espaços sagrados “plantados” por africanos. Resultado deste esforço foi a publicação do livro A formação do Candomblé – história e ritual da nação jeje na Bahia, que nos chega com um substancial atraso, visto que, pelo menos há uns três anos, se encontrava concluído. Todavia, neste interregno,alguns capítulos foram revisados e ampliados e outros, incluídos na versão original, que certamente ofereceram mais densidade à obra. O mencionado livro, como o autor enfatiza, dedica-se ao estudo aprofundado e pormenorizado de uma das “raízes” da cultura afro-brasileira a partir da história e da antropologia da religião. Nela, o leitor deparar-se-á com a construção étnica da “nação jeje” no Brasil Colônia (nomeadamente a partir do Setecentos, quando estes povos chegaram à Bahia com maior intensidade); com a contribuição dos cultos de voduns no processo formativo e organizacional do Candomblé e, finalmente, com a micro-história de dois terreiros de nação jeje (mahi) e uma etnografia
seletiva do panteão e do ritual vodum contemporâneo na Bahia. A relevância da obra reside exatamente nestes aspectos perseguidos pelo autor, visto que, salvo engano, até então nenhum estudo neste sentido foi realizado. Além disto, e este é outro aspecto importante, o escopo da obra se desdobra a partir da busca do sentido lingüístico de dois termos: “vodum” e “jeje”. No capítulo introdutório, Nicolau diz que um dos problemas do seu trabalho é compreender “a gênese e a manutenção das identidades étnicas dos africanos no Brasil” (p. 15). Entre outras teorias que dão suporte à obra, as da etnicidade têm maior acento. Opondo-
se às de caráter primordial, preconizadas por Max Weber e Clifford Geertz, o autor privilegia a de caráter
relacional (situacional), proposta por Fredrik Barth, segundo a qual “o nós se constrói em relação a eles”. O autor pensa em termos de que “a identidade étnica não seria, portanto, simplesmente um conglomerado de sinais diacríticos fixos (de origem, parentesco biológico, língua, religião, etc.), mas um processo histórico, dinâmico, em que estes sinais seriam selecionados e (re)elaborados em relação de contraste com o ‘outro’” (p. 15). Atrelando a teoria relacional ao seu argumento, refere-se a Manuela Carneiro da Cunha, que afirma que “a cultura original de um grupo étnico, na diáspora ou em situações de intenso contato, não se perde ou se funde simplesmente, mas adquire uma nova função, essencial e que se acresce às outras, enquanto se torna uma cultura de contraste” (p. 15). Os dois primeiros capítulos do trabalho são dedicados ao estudo exaustivo das nações ou etnias (etnias não no sentido de “raça”, mas de povos ou sociedades), dos portos e dos meandros do tráfico escravo no contexto da África ocidental e da contribuição jeje na formação das identidades étnicas africanas na Bahia. O autor considera as identidades coletivas das sociedades da África ocidental como multidimensionais, articuladas em diversos níveis (religioso, territorial, lingüístico, político, etc.), porém sempre baseadas em vínculos de parentesco, que reconheciam um passado ancestral e mítico comum. No contexto do tráfico, grupos africanos inicialmente diferenciados, com suas peculiaridades históricas, lingüísticas e de auto-adscrição, teriam sido convenientemente classificados, por missionários e administradores de feitorias européias, sob denominações genéricas (originalmente estranhas a estes  grupos), tais como “nação mina”, “nação nagô” ou “nação jeje”. Nicolau analisa este processo, distinguindo
entre denominações “internas” e “externas”. As primeiras seriam formas de auto-adscrição, enquanto as
segundas seriam categorias impostas“de fora”, por  membros alheios ao grupo, sejam africanos ou escravocratas europeus, sendo que estas denominações externas se prestariam para designar uma luralidade de grupos étnicos heterogêneos. Apoiando-se no pesquisador cubano Jesús Guanche Pérez, o autor chama “denominação metaétnica” a “denominação externa utilizada para assinalar um conjunto de grupos étnicos relativamente vizinhos, com uma comunidade de traços lingüísticos e culturais, com certa estabilidade
territorial e, no contexto do escravismo, embarcados nos mesmos portos” A seguir, especifica os povos jejes a partir de critérios lingüísticos e territoriais, apontando cerca de quatorze grupos principais. Nicolau utiliza a expressão “área vodum” para definir o espaço territorial jeje em termos religiosos e acrescenta que o território jeje abarcava um espaço maior que o do reino do Daomé (situado ao sul da atual República Popular do Benin), incluindo “povos que, embora sujeitos às incursões dos daomeanos na procura de escravos, não pertenciam estritamente aos seus limites políticos”, como os mahis e savalus. Analisando o tráfico português nesta área, aborda de forma exaustiva as constantes guerras entre os reinos de Oyo e Daomé, em torno do controle do infame comércio realizado no litoral que, desde o século XVI até aproximadamente 1860, embarcou milhares de africanos prisioneiros de guerra para o trabalho escravo no Brasil. No tocante à formação da identidade étnica jeje na Bahia, Nicolau analisa a presença destes africanos a partir do Setecentos até o Oitocentos. O foco de sua análise incide sobre as estimativas
populacionais. Além de censos eclesiásticos, geralmente realizados por párocos desinteressados, portanto
inconfiáveis, o autor se debruçou no paciente e estafante trabalho de análise de centenas de inventários, no Arquivo Regional de Cachoeira e no Arquivo Público do Estado da Bahia, documentos em que as enominações étnicas eram mais freqüentes. O que se constata é que o grupo “metaétnico”, proveniente da “área vodum”, se concentrou significativamente no Recôncavo baiano, constituindo o grupo demograficamente majoritário até o início do século XIX, e que, em contato com outros grupos,  principalmente os nagôs, seus vizinhos, instituíram o complexo sistema religioso jeje, na Bahia, denominado Candomblé. O terceiro e o quarto capítulos dedicam-se à análise da institucionalização do Candomblé na Bahia. O terceiro, especificamente, busca as “raízes” deste “processo formativo” nas práticas de cura e adivinhação, que, nos séculos XVII e XVIII, tinham a denominação de calundu. Nicolau se apropria do conceito “complexo fortuna-infortúnio” ou “ventura-desventura”, proposto na década de 1970 por pesquisadores da religião da África centro-ocidental, para pensar as religiões afro-brasileiras. Nesta perspectiva, “a atividade religiosa tem por objetivo não só a prevenção do infortúnio, mas também a maximização da boa sorte” (grifo nosso). O autor considera que os calundus coloniais, com suas práticas de cura e adivinhação, geralmente de caráter individualizado, deram, aos poucos, lugar a formas de organização religiosa cada vez mais complexas e coletivas, envolvendo, entre outros aspectos, intrincados processos de iniciação, hierarquia sacerdotal, calendários de rituais, espaços sagrados estáveis e o culto de múltiplas divindades num mesmo templo. O argumento central de Nicolau, sustentado por variada documentação
histórica e etnográfica, é o de que este “modelo organizacional”, de caráter eclesial ou conventual, que
está na base do Candomblé contemporâneo, foi providenciado, no fim do século XVIII e início do XIX, pelos especialistas religiosos jejes que, nesta área de conhecimento, tinham comprovada tradição. Todavia, o autor sugere que o ritual, seja nas reuniões festivas, realizadas no contexto das irmandades negras, seja no contexto das celebrações religiosas de matriz africana, era um dos espaços privilegiados para expressar e manter a dinâmica de contraste que sustenta as fronteiras étnicas. Deste modo, a diferenciação entre nações
étnicas foi reforçada e perpetuou-se no âmbito do Candomblé, definindo, posteriormente, as “nações de candomblé” enquanto “modalidades de rito”. Tendo localizado e definido os povos da África ocidental responsáveis pela institucionalização do Candomblé baiano, os capítulos seguintes se dedicam à análise etno-histórica de dois terreiros ou comunidades de candomblé de nação jeje mahi – o Zôogodô Bogum Malê Hundô, de Salvador, e o Zôogodô Bogum Malê Seja Hundê, de Cachoeira – que ainda se encontram
em funcionamento. Apesar das dificuldades enfrentadas para definir os meandros da formação destes dois
candomblés, principalmente no que diz respeito à história de vida de seus fundadores, o autor recupera os aspectos mais importantes da sua fundação. Um dos problemas centrais diz respeito à época de formação e consolidação dos dois terreiros e a anterioridade de um em relação ao outro. Outro problema diz respeito à história de vida da figura central na fundação destes terreiros, que foi a africana Ludovina Pessoa e, com relação a Cachoeira, do seu colaborador, o também africano Tixareme. No entanto, a história de vida do arquifono (usando um neologismo de ogan Boboso, um dos seus importantes depoentes) José Maria de Belchior, conhecido como Zé de Brechó, uma figura-chave na formação do Seja Hundê, é satisfatoriamente descrita pelo autor. No capítulo dedicado à análise ritual destes candomblés, Nicolau faz uma belíssima descrição etnográfica, algo raro, mas fruto de paciente trabalho de conquista de confiança e postura ética,
porque, como se sabe, o “jeje é fechado”. O capítulo não se concentra unicamente em descrever o andamento ritual, mas inclui uma análise lingüística dos termos utilizados no idioma ritual. Enfim, podemos dizer, sem estar exagerando, que o livro A formação do Candomblé – história e ritual da nação
jeje na Bahia é um estudo seminal de antropologia do Candomblé, ou seja, trata-se de um trabalho que, sem esgotar o assunto, abre perspectiva para múltiplas outras pesquisas sobre aquela que é uma região vigorosamente importante do ponto de vista afro-religioso: o Recôncavo baiano.