segunda-feira, 22 de outubro de 2012




A majestade dos mares, senhora dos oceanos, sereia sagrada, Iemanjá é a rainha das águas salgadas, considerada como mãe da maioria dos orixás, regente absoluta dos lares, protetora da família. Chamada também de deusa das pérolas, é aquela que apara a cabeça dos bebês no momento de nascimento.
 Essa força da natureza também tem papel muito importante em nossas vidas, pois é ela quem rege nossos lares, nossas casas. É ela que dá o sentido da família às pessoas que vivem debaixo de um mesmo teto. Ela é a geradora do sentimento de amor ao seu ente querido, que vai dar sentido e personalidade ao grupo formado por pai, mãe e filhos tornando-os coesos. Rege as uniões, os aniversários, as festas de casamento, todas as comemorações familiares. É o sentido da união por laços consangüíneos ou não.
 Numa Casa de Santo, Iemanjá atua dando sentido ao grupo, à comunidade ali reunida e transformando essa convivência num ato familiar; criando raízes e dependência; proporcionando sentimento de irmão para irmão em pessoas que a bem pouco tempo não se conheciam; proporcionando também o sentimento de pai para filho ou de mãe para filho e vice-versa, nos casos de relacionamento dos Babalorixás (Pai de Santo) ou Ialorixás (Mãe de Santo) com os Omorixás (Filhos de Santo).
 A necessidade de saber se aquele que amamos estão bem, a dor pela preocupação, é uma regência de Iemanjá, que não vai deixar morrer dentro de nós o sentido de amor ao próximo, principalmente em se tratando de um filho, filha, pai, mãe, outro parente ou amigo muito querido. É a preocupação e o desejo de ver aquele que amamos a salvo, sem problemas, é a manutenção da harmonia do lar.
 É ela que proporcionará boa pesca nos mares, regendo os seres aquáticos e provendo o alimento vindo do seu reino. É ela quem controla as marés, é a praia em ressaca, é a onda do mar, é o maremoto. Protege a vida marinha.
1.                   



Yemanjá é a mãe sagrada, a mulher que dá origem à humanidade, a mãe do mundo. Yemanjá incorpora todos os valores da mulher, mas torna-se sagrada ao assumir o papel de mãe, principalmente quando admitimos que o conceito de mãe, definido pela cultura, é muito mais complexo do que se supõe. Mãe não é simplesmente, a mulher que pare, a que cria os filhos, que alimenta e dá carinho, mas é a mulher sacralizada, aquela que une os filhos pelos laços da consangüinidade e que, ao mesmo tempo, os separa pelas regras que a cultura, às vezes mais forte do que o sangue. 
Yemanjá é a imagem do próprio oceano, imenso e infinito a separar os continente, a separar a humanidade, mas também o elo fundamental que uniu a África e o Novo Mundo na mesma fé, a fé nos Orixás. 
Yemanjá é a mãe do mundo, mundo que ela mesma povoou e alimentou. Afigura da Grande Mãe está presente em todas as culturas bem como os aspectos sagrados que a caracterizam, dos seios de Yemanjá jorraram todos os rios do mundo, o sustento da humanidade. Ela é a mãe de todas as cabeças, a mestra, que nos oferece equilíbrio e discernimento, Yemanjá faz com que cada cabeça, isto é, cada ser humano seja único, diferente, mas por outro lado, nos iguala na intensidade de seu amor, pois não pode mensurar o amor de uma mãe, apenas senti-lo, forte, intenso, imenso. Apesar de no Brasil Iemanjá ser cultuada nas águas salgadas, sua origem é um rio que corre para o mar. Inclusive, todas as sua saudações oriquis e cantigas remetem a essa origem. A saudação Odò-Iyá, por exemplo, significa, mãe do rio, á a saudação Eérú-Iyá faz alusão às espumas formadas no encontro das águas do rio com as águas do mar, sendo esse um dos locais de culto a Iemanjá. 
Yemanjá a Deusa mais festejada, a mais amada, reverenciar Yemanjá é ter a certeza de possuir uma mãe protetora sempre atenta aos passos de seus filhos.

IYABAS


Ìyáàgba - Ìyãgba - mãe adulta, matrona, matriarca 
Ìyà - mãe
Àgba - adulto, pessoa mais velha, maturidade. 
Iabás, são todos os orixás femininos ligados à água, numa clara referência à concepção, à gestação, à vida!
Na mitologia dos orixás, que guarda o saber ancestral dos povos de origem iorubá trazido pelas religiões africanas, a mulher está representada pelas iabás, os orixás femininos. Sua gênese e histórias estão contadas nos mitos que os escravos vindos da África para cá, transmitiram oralmente. 
O saber das Iabás cria outras formas de organização da vida e do mundo. 
As Iabás representam a feminilidade e, por conhecer a memória dos corpos, transmitem suas histórias, afetos e conflitos.
Elas guardam em seu ventre um poder que ninguém, senão elas mesmas, possuem. O segredo de todas as mulheres:
o poder de gerar e dar vida a outros seres. Exercem também o poder da criação, conquista, multiplicação, luta e transformação.
O elemento água é comum a todas as iabás. O estado no qual ela se apresenta na natureza caracteriza o
temperamento de cada uma delas. A água fertiliza a terra, a faz produtiva, penetra nas plantas e corre nas suas veias como sangue. A água proporciona que as plantas dêem seus frutos que alimentam o homem. Transforma a terra seca em terra criativa e criadeira. Não apenas lhe dá vida, mas preserva-a, uma vez que o homem foi gestado na água do ventre da mãe. O sangue que corre em suas veias é composto de grande quantidade de água.
Assim como a água, o amor em suas diferentes manifestações, alimenta a alma, dá-lhe vida, preserva-a e transformaa. Como um elemento fluido, é condutor poderoso da alma humana para muitas direções, bem como está presente em todos os momentos da vida como elemento de vital importância. 
O estudo da mitologia das iabás pode trazer uma reflexão sobre como viver e experimentar os sentimentos nos diferentes momentos da vida que, tal qual a água, apresentam vários estados. É possível à mulher viver e cultuar suas deusas interiores, as iabás, da quais descendem e da quais herdam a feminilidade em suas variadas nuanças e cores, sabendo que seu eu é sagrado e deve ser vivido e cultuado na sua totalidade. 
Nas iabás um pouco de todas as mulheres e muito das várias mulheres que habitam uma mulher! 

Omi Odò Iyá! Mãe da água que corre!
Omi Odò Ìyá! Sirìre! Mãe da água que corre! Abra-me seu caminho!
Ora Yèyé ô! Vossa benevolência mãezinha!
Eparrei Lo Oya! Tua á vida, Oyá!
Epayèyô, Iansã! Mãe da vida, Iansã!
Exó! Obá Sire! Gentileza! Obá, prepare o caminho!
Riró! Encontro a doçura!
Salubá! Encontrei-te, velha rabujenta! 

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